Pesquisar este blog

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Exercícios na gravidez geram bebês mais magros





Bebês menos gordos
Grávidas que praticam exercícios leves durante a gestação podem melhorar a saúde futura da criança ao gerar bebês menos gordos.
A conclusão é de um estudo realizado conjuntamente por médicos norte-americanos e neozelandeses e divulgado na edição de março da publicação científica Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.
Os pesquisadores das universidades de Auckland e do norte do Arizona analisaram 84 mulheres que passavam por suas primeiras gestações.
Em média, as mulheres que se exercitaram geraram crianças um pouco mais leves do que as mães que não se exercitaram.
Redução da quantidade de gordura
Os pesquisadores disseram que o exercício não influenciou no tamanho dos bebês, apenas reduziu sua quantidade de gordura.
A prática também não interferiu na reação das mães ao hormônio insulina, um mecanismo necessário na gravidez para assegurar que o feto seja alimentado adequadamente.
"Levando em conta que um peso maior ao nascimento é associado com maior risco de obesidade, uma redução modesta no peso do recém-nascido pode trazer benefícios a longo prazo para a saúde da criança", disse Paul Hofman, médico que liderou a pesquisa.
Dieta na gravidez
O estudo se soma a evidências cada vez maiores de que o metabolismo de uma criança no futuro é influenciado pelo seu ambiente na placenta e que bebês mais pesados em relação à sua altura têm chances maiores de tornarem-se obesos.
Muitos médicos recomendam que as grávidas não se alimentem em demasia e pratiquem exercícios leves regularmente.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Muito sal na gravidez pode gerar adultos com hipertensão

Retirado do Diário da Saúde. Com informações da Agência Fapesp


Muito sal na gravidez pode gerar adultos com hipertensão
Pesquisa brasileira destaca efeitos da quantidade de sal ingerida, do hiper e do hipotiroidismo e da poluição atmosférica durante a gravidez.[Imagem: Wikimedia]
Gerando hipertensão
Uma dieta com elevado consumo de sal durante a gestação poderá gerar indivíduos que, na idade adulta, terão hipertensão arterial.
Por outro lado, se o consumo de sal durante a gravidez for baixo, o problema pode ser o desenvolvimento de resistência à insulina.
Esses são alguns dos resultados obtidos em estudos feitos pela equipe do professor Joel Claudio Heimann, da Universidade de São Paulo (FMUSP), que investiga os efeitos das alterações no ambiente perinatal, que engloba o período gestacional até o final da lactação.
A pesquisa foi realizada em cobaias, exigindo estudos adicionais de validação para que os resultados sejam extrapolados para o homem.
Resistência à insulina e obesidade
O trabalho vem produzindo dados importantes sobre o papel do sal durante o período gestacional.
Por exemplo, a dieta hipossódica, com restrição de sal, levou à formação de animais que, na idade adulta, apresentaram excesso de colesterol (hipercolesterolemia).
Esses mesmos animais também apresentaram maior resistência à insulina. "Isso significa que eles precisam de mais insulina para manter os níveis normais de açúcar no sangue", explicou Heimann.
Outro efeito curioso observado é que as fêmeas - mas não os machos - das proles de mães que consumiram dieta com pouco sal durante a gestação e amamentação desenvolveram obesidade na idade adulta.
Os mecanismos responsáveis por qualquer caso de obesidade podem ser a maior ingestão de alimentos com conteúdo calórico elevado, o menor gasto energético decorrente de sedentarismo ou peculiaridades do metabolismo (como o hipotiroidismo) ou o conjunto dos mecanismos.
"No nosso estudo, o primeiro fator foi excluído. As fêmeas obesas não ingeriram mais ração do que o grupo controle - prole de mães alimentadas com ração com conteúdo normal de sal durante o período perinatal. Em conclusão, restou a hipótese do menor gasto energético", disse.
Fenótipo econômico
Outra linha do estudo analisa alterações na prole de mães com hiper ou hipotiroidismo durante a gestação.
Coordenado pela professora Maria Luiza Morais Barreto de Chaves, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, o estudo descobriu que filhotes de mães que sofrem de hipertiroidismo nascem com baixo peso.
Heimann lembra que o nascimento abaixo do peso pode ser indicativo de complicações na idade adulta.
Esse problema foi apontado pela primeira vez pelo epidemiologista inglês David J.P. Barker, criador da hipótese do fenótipo econômico segundo a qual mães que sofrem restrições na alimentação durante a gestação produzem filhos menores de forma a adaptá-los às condições de escassez do ambiente.
Poluição e gravidez
O grupo também está analisando os efeitos da poluição atmosférica na gestação.
Esse estudo é coordenado pelo professor Paulo Saldiva, do Departamento de Patologia da FMUSP, especialista na relação entre poluição atmosférica e saúde.
Baixo peso ao nascimento, diminuição da fertilidade e hipertensão arterial, como efeitos da poluição, também foram verificados em humanos.
Outro efeito observado, tanto em animais como em seres humanos cujas mães foram submetidas à poluição durante a gestação, é a geração de mais fêmeas do que a machos. "Essa é uma linha de investigação importante, especialmente para cidades com índices de poluição, como São Paulo," disse Heimann.
Fatores epigenéticos
Para o professor da USP, a maior contribuição desse projeto está em chamar a atenção para fatores capazes de alterar a programação do feto sem modificar a estrutura do DNA.
Fatores importantes, como a resistência à insulina surgem e são passados de uma geração para outra e dependem apenas das condições encontradas durante o período gestacional.
Chamados de mecanismos epigenéticos, por não serem localizados no genótipo, esses fatores têm demonstrado possuir um grande grau de influência sobre as características dos indivíduos. "Os estudos vêm mostrar que não é somente a genética, mas há estímulos que reprogramam o feto e causam alterações profundas no organismo", disse Heimann.
Com isso, o pesquisador já nota mudanças nos procedimentos médicos. "Os obstetras, por exemplo, que antes se preocupavam muito em manter o peso da gestante, hoje são mais flexíveis nesse ponto, uma vez que gestações com restrições calóricas extremas possuem efeitos negativos sobre a prole", afirmou.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Estresse e falta de proteínas na gestação afetam fortemente os bebês

 

Falta de proteínas
Uma dieta com baixo nível de proteínas durante a gestação resulta em nascituros abaixo do peso normal, rins menores e com número reduzido de néfrons, as estruturas responsáveis pelo processo de filtração do sangue.
As experiências realizadas em animais mostraram que rins tinham 70% da capacidade de processamento em comparação a um órgão normal.
As conclusões são de uma pesquisa realizada pela professora Patrícia Boer, do Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
"Estresses emocionais ou nutricionais sofridos pelas cobaias durante a gravidez provocaram alterações nos filhotes, que nasceram com fisiologia alterada", explica ela.
Problemas generalizados
O número menor de néfrons é acompanhado também de uma redução de receptores da angiotensina, peptídeo responsável pelo controle da pressão arterial. Com menos receptores, os rins não conseguem eliminar sódio o suficiente e o excedente se acumula nesses órgãos, gerando a retenção de líquidos e provocando hipertensão arterial.
Além do efeito sobre os rins, a restrição proteica ou calórica na gravidez pode ocasionar efeitos semelhantes em outros órgãos, como fígado, coração e até em partes do cérebro.
O estudo verificou que o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), estrutura cerebral associada à resposta ao estresse, também tem alterações nos receptores dos filhotes cujas mães sofreram estresse durante a gravidez. Como consequência, esses animais terão uma resposta exacerbada ao problema, apresentando mais impaciência e irritabilidade.
"Os fígados dessas proles também serão menores e, consequentemente, terão menor capacidade funcional. Haverá um número menor de células beta, presentes no pâncreas e responsáveis pela produção de insulina, o que aumentará o risco de desenvolver diabetes", disse Patrícia.
Adaptação ao estresse
Segundo a pesquisadora, as alterações no feto seriam uma maneira de a mãe passar características adaptativas para aumentar as chances de sobrevivência dos filhotes.
"Em um ambiente cheio de predadores, é constante o convívio com o estresse e importante que os filhotes nasçam prontos para ele", apontou. O mesmo ocorre em um cenário com pouca comida, no qual indivíduos menores teriam mais chance de sobreviver.
A professora cita estudos nos quais foram encontrados resultados semelhantes em humanos.
Nesse caso, uma pessoa que nasce com um rim de menor capacidade teria que adaptar sua alimentação e seu estilo de vida para que não sobrecarregue o órgão. Patrícia alerta para o fato de que ignorar essa situação poderia provocar insuficiência renal em idades precoces.
"O problema é que não há um diagnóstico que aponte essa situação. Um dos indicadores são bebês que nascem com baixo peso sem serem prematuros", afirmou. Segundo ela, ignorar essas limitações físicas é preocupante, pois, ao desconhecer essa condição, as pessoas atingidas acabam não se cuidando.
Fenótipo econômico
A motivação da pesquisa da Unesp veio da hipótese do fenótipo econômico, elaborada pelo epidemiologista inglês David J.P. Barker.
Segundo a hipótese, em um ambiente com condições nutricionais precárias, a mãe seria capaz de modificar o desenvolvimento do feto de maneira a prepará-lo para sobreviver em meio à escassez. Com isso, seriam gerados indivíduos com características fenotípicas mais enxutas, como órgãos e corpos em tamanho reduzido.
Antes dessa hipótese não se levava muito em conta o papel dos fatores epigenéticos, aqueles que provocam mudanças e que não estão no genótipo. "Acreditava-se que, quando se formava o zigoto, as informações genéticas estavam ali e todas as características já estariam determinadas", disse Patrícia. A hipótese do fenótipo econômico acabou chamando a atenção para as alterações que modificam as expressões genéticas sem alterar os genes.
Um exemplo conhecido da comunidade científica é o da enzima placentária 11 Beta-Hidroxiesteróide desidrogenase. Normalmente, essa enzima inativa os corticoides maternos para que não atinjam o bebê. Uma gravidez tranquila chega a manter gradientes de concentração de mil partes de glicocorticoides na mãe para somente uma parte no bebê.
Em situações de estresse, porém, cai a capacidade da enzima, expondo o feto aos glicocorticoides maternos, que são importantes sinalizadores do desenvolvimento fetal, pois promovem a maturação dos tecidos.
"Se traços dos glicocorticoides da mãe atingirem o feto prematuramente, os tecidos que estiverem sendo formados vão se diferenciar antes do tempo e não vão crescer o quanto poderiam", disse Patrícia.
Resultados humanos
Ao transpor os resultados obtidos com animais para seres humanos, a professora da Unesp especula sobre vários problemas nos quais o fenótipo econômico pode estar envolvido.
"Basta lembrar que as mães de hoje sofrem estresses bem maiores do que as de antigamente. Elas trabalham fora, têm dupla jornada e a alimentação também é um fator preocupante. Entre 30% e 35% das gestantes brasileiras são anêmicas", disse.
Ela também levanta outras questões sociais que podem agravar o problema. Um exemplo está nas favelas, onde a restrição alimentar e o estresse se fazem mais presentes e de maneira simultânea. "São Paulo, cidade mais rica do país, tem 20% de seus habitantes morando em favelas. Em Maceió, esse número chega a 50%", disse.
Restrição proteica
A equipe da Unesp está avaliando o período mínimo de restrição proteica necessário para causar uma alteração no feto, no caso, a redução de néfrons. Na pesquisa com camundongos, Flávia Mesquita, aluna de doutorado de Patrícia, observou que os primeiros 14 dias gestacionais de restrição alimentar (compatível ao 40º dia em humanos) são suficientes para provocar reduções de 28% no número de néfrons.
Patrícia esteve este mês em Portugal para avaliar os efeitos da dieta hipoproteica sobre a formação do cérebro. A contagem de neurônios e as ramificações dendríticas em regiões importantes para a aprendizagem, como o hipocampo, poderão indicar se o estresse gestacional tem um raio maior de alcance dentro do cérebro.
Um dos objetivos da pesquisa é gerar dados que subsidiem políticas públicas voltadas a resolver o problema da subnutrição entre as mulheres grávidas. "É preciso dar muita atenção ao problema da gestação no Brasil para que evitemos sérios problemas de saúde no futuro", alertou a cientista.