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Seção Branca - Doula: Cuidados com a Gestante

DEZ MOTIVOS PARA EVITAR UMA CESÁREA DESNECESSÁREA


 

 
  1. Risco de complicações e desconforto respiratório para o bebê;
  2. Maior dificuldade para o estabelecimento do aleitamento materno;
  3. Maior risco de morte fetal inexplicável no final da gestação seguinte;
  4. Risco aumentado de morte materna;
  5. Recuperação demorada e dolorida, geralmente requerendo ajuda de outras pessoas para cuidados pessoais e com o bebê;
  6. Risco de infecção hospitalar;
  7. Dificuldades para engravidar posteriormente, maior risco de infertilidade;
  8. Formação de aderências (faixas anômalas de tecido cicatricial, que se formam na pélvis e fazem com que os órgãos fiquem colados ou unidos uns aos outros);
  9. Risco de acidentes com anestesia;
  10. Maior risco de trombose venosa profunda.
 
Parto do Princípio – Mulheres em Rede pela Maternidade Ativa
 
Por uma nova forma de Gestar, Parir e Nascer.
 
http://www.partodoprincipio.com.br/


  



Plano de Parto

 
O plano de parto é um documento que não tem exatamente valor legal, mas tem valor moral. É um acordo de cavalheiros entre você e seu cuidador. Ali você coloca seus desejos e vontades para o parto, enfim, suas escolhas. Onde quer ter seu bebê, quais os procedimentos evitar, outros só em caso de necessidade e com consentimento.  


 

É uma forma do seu médico te conhecer e conhecer suas vontades. Não é uma lista de ordens, mas um start para o diálogo.

É a primeira de muitas das recomendações da Organização Mundial de Saúde para melhorar a qualidade do parto.

Você coloca suas preferências, e discute com o obstetra e pediatra. Eles assinam, assim como você e seu marido.

 
Exemplo de Plano de Parto:
“Estamos cientes de que o parto pode tomar diferentes rumos. Abaixo listamos nossas preferências em relação ao parto e nascimento do nosso filho, caso tudo transcorra bem. Sempre que os planos não puderem ser seguidos, gostaríamos de ser previamente avisados e consultados a respeito das alternativas.”

 
Trabalho de parto:

- Presença do marido e da doula.

- Sem tricotomia (raspagem dos pelos pubianos) e enema (lavagem intestinal).

- Sem perfusão contínua de soro (de rotina) e ou ocitocina

- Sem amniotomia (rompimento artificial de bolsa)

- Liberdade para beber água e comer enquanto for tolerado.

- Liberdade para o uso ilimitado da banheira e/ou chuveiro.

- Monitoramento fetal: apenas quando for essencial, e não contínuo.

- Toques, o menos possível.

- Analgesia: Que não seja oferecido anestésicos ou analgésicos. Pedirei se achar necessário.

 
Parto:
- Liberdade para escolher a posição de parto, de preferência cócoras ou reclinada (sentada).
- Prefiro fazer força quando sentir vontade, em vez de ser guiada.
- Gostaria de um ambiente tranquilo nesta hora.
- Sem Kristeler (manobra para empurrar o bebê).
- Episiotomia ou corte no períneo, só se for realmente necessário. Não gostaria que fosse uma
intervenção de rotina.
- Que as luzes sejam apagadas (penumbra) e o ar condicionado desligado na hora do nascimento.
- Gostaria de ter contato imediato com meu bebê, com liberdade para amamentar na primeira hora.
- Gostaria que o cordão só seja cortado após ter parado de pulsar.


 

Pós-parto:
- Aguardar a expulsão espontânea da placenta, sem manobras, tração ou massagens. Se possível ter auxílio da amamentação.
- Ter o bebê comigo o tempo todo enquanto eu estiver na sala de parto, mesmo
para exames e avaliação.
- Alta hospitalar rápida, caso tudo corra bem.

 

Cuidados com o bebê:
- Sem administração de nitrato de prata ou antibióticos oftálmicos.
- administração de vitamina K oral (nos comprometemos em dar continuidade nas doses).
- Amamentação em livre demanda.
- Em hipótese alguma oferecer água glicosada, fórmulas, chupetas ou qualquer outra coisa ao bebê.
- Alojamento conjunto. Pedirei para levar o bebê caso esteja muito cansada ou necessite de ajuda.
- Gostaria de dar o banho no bebê e fazer as trocas (eu ou marido).

 

Caso a cesárea seja necessária:
- Solicito o início do trabalho de parto antes da cesárea, se possível.
- Quero a presença da doula e do marido na sala de parto.
- Anestesia: peridural ou raqui sem sedativos pós-operatórios em momento algum.
- Gostaria que, na hora do nascimento, as luzes e ruídos fossem reduzidos e o ar condicionado desligado.
- Após o nascimento, gostaria que o bebê fosse colocado sobre meu peito e que minhas mãos estejam livres para segurá-lo.
- Gostaria de permanecer com o bebe em contato pele a pele enquanto estiver sendo suturada.
- Gostaria de amamentar o bebê e ter alojamento conjunto o quanto antes.


 

Agradeço a equipe por tornar esse momento especial para nós num momento feliz, respeitoso e tranqüilo.


 

Muito obrigada,

Local e data,

Assinatura dos pais
Assinatura do médico obstetra
Assinatura do pediatra
Texto do exemplo inspirado no livro “Parto Normal ou Cesárea” - Ana Cristina Duarte e Simone Diniz, editora Unesp.

 

 
Partos e Mitos
Existem muitos mitos que foram criados culturalmente sobre o parto, dentre eles o mito da “DOR”.
“Pariras teus filhos em dor” é uma frase milenar. A cultura judaico cristã já nos impõe isso a milênios. Alguem aqui já assistiu a algum filme, novela ou documentário onde a mulher paria sorrindo? Não creio.
Deus criou nosso corpo para gerar e consequentemente parir. A dor do parto é fisiológica, não existe a possibilidade de ser insuportável.
Nosso corpo é sábio, chegando a hora P (de parto), os hormônios começam a ser liberados e o corpo expulsa o feto, que agora é nosso bebê amado. Esses mesmos hormônios vão fazer-nos amar mais ainda essa pequena e frágil criatura - amor incondicional. Não há dor que não seja esquecida no momento que vemos aquele rostinho lindo, da criatura que agora temos que manter e cuidar
Todo esse processo é feito pelo cérebro primitivo, de uma maneira totalmente perfeita e fisiológica. Então porque algumas mulheres “não dilatam”, “não contraem”, não entram em trabalho de parto? Primeiro por causa do medo dos médicos, que já veêm patologia logo que a mulher chega as 40 semanas de gravidez sem nenhum sinal de parto, ou tem um trabalho demorado. “O bebê vai entrar em sofrimento”, ou quem está sofrendo é o médico?
O neo-cortex também atrapalha. A partir do momento em que a raça humana começou a raciocinar, começaram os problemas. E o parto é o momento em que todos nossos fantasmas vêm a tona, nossos medos, traumas, inseguranças e stress aparecem nesse momento como um vulcão em erupção. O neo-cortex é a antítese do cérebro primitivo, por isso algumas mulheres demoram mais do que outras para parir, e sentem mais dores também (ditas e sentidas como insuportáveis).
“A dor é inevitável, o sofrimento é opcional”. A dor do parto quando se torna insuportável não é física, mas emocional. O nosso emocional impede a dilatação e as contrações num parto que estava fluindo maravilhosamente bem. Os médicos são treinados para ver nisso patologia, e cortam e extraem o feto, quando poderiam apenas compreender que apenas não chegou a hora.
É importante para a mulher ter uma pessoa por perto nesse momento que entenda esse processo e a ajude a passar por ele, pois o parto é o momento mais sublime e transformador na vida dela. Esse é também o trabalho da doula.



O Trabalho da Doula
Esse trabalho começa no início da gravidez, quando a mulher descobre estar grávida. A doula tem aí a importante função de educadora, dando informações a mulher do que vai acontecer com seu corpo durante esse período, o que pode e deve fazer e o que não fazer durante cada trimestre, recomendando livros, indicando sites e leitura de evidências científicas sobre cada intercorrência , dando assim suporte para a mulher fazer suas próprias escolhas conscientes.
A doula não é parteira. Enquanto a parteira fica de olho no processo de nascimento, a doula se ocupa exclusivamente da mãe durante o parto, dando o apoio necessário para que a mulher deixe a natureza agir. Portanto, fazemos parte de uma equipe multidisciplinar, onde temos funções complementares para o bem-estar da gestante.
O apoio é emocional e físico, usando métodos não medicamentosos como massagens e outras terapias alternativas para o alívio da dor.
Assim como a gestante necessita de um vinculo de confiança com seu cuidador, seja ele obstetra ou parteira, também deve existir um vinculo entre a doula e a mulher , pois ela vai estar com a gestante no momento mais intimo e transformador de sua vida. Mesmo a mulher tendo vários partos, cada um vai levar a um novo início, onde nada vai ser como antes, e nesse começo deve existir alguém dando um apoio incondicional para ela se sentir amparada e segura. Esse é um parto respeitoso, onde a mulher é a figura central do processo e onde seus desejos devem ser respeitados.
Depois do nascimento, também é importante a presença da doula do pós-parto, que vai ajudar a mãe na sua recuperação, nos primeiros cuidados com o neonato e na amamentação, que tem importante função no aprofundamento do vínculo mãe-bebê.
Existem também as doulas voluntárias, que atuam nos hospitais da rede pública. Essas não criam um vinculo com as mulheres, pois só as conhecem no momento do parto, porém também são muito importantes, pois a mulher que procura a rede pública, geralmente não tem acompanhante, e a doula mesmo sem conhece-la dá esse apoio no momento do parto, o que diminui consideravelmente o medo e a solidão dessas mulheres, aumentando a qualidade desse parto.



ANA ANDRADE é Bióloga, Doula atuando desde 2003, Orientadora Gestacional e Educadora Perinatal, Shantalaterapeuta, Massoterapeuta, Cromoterapeuta, participa da rede de mulheres Parto do Princípio, ativista para a humanização da gestação e nascimento, mãe do Ian.

"Minha intenção é ajudar as mães a terem uma gestação saudável e consciente e um parto respeitoso, onde elas atuem como protagonistas desse momento singular e transformador." Ana
Ana reside no Rio de Janeiro
Contato: anadoula@gmail.com